sábado, 12 de janeiro de 2013

Corrida contra o tempo pelo Ferroanel

26/12/2012 - A Tribuna

A implantação do anel ferroviário demandará investimentos entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, que virão dos governos Estadual e Federal.

Uma corrida contra o relógio se inicia no próximo mês para a viabilização da construção do Contorno Ferroviário da Região Metropolitana de São Paulo, o Ferroanel. A implantação do anel ferroviário – estratégico para o desenvolvimento do Porto de Santos, uma vez que facilitará o escoamento de cargas por trens entre o complexo marítimo e o Interior do Estado – terá sua etapa de audiências públicas em janeiro. O processo licitatório deverá ocorrer dois meses depois, em março.

O Governo Federal quer concluir o certame que definirá a construtora responsável pela obra e pela exploração do Ferroanel em maio. Ainda não se sabe qual será o tempo exato de concessão, o período para que a empresa tenha o retorno do investimento.

Os prazos são apertados. Haverá apenas dois meses entre a abertura da licitação e a classificação do vencedor. Mas tal cronograma será necessário para que as obras do Ferroanel aproveitem as do trecho Norte do Rodoanel de São Paulo, o que garantirá uma economia de até R$ 1,5 bilhão na implantação do anel ferroviário. A construção da parte setentrional do sistema viário que desafoga o trânsito de carros e caminhões na Região Metropolitana de São Paulo terá início no próximo mês.

De acordo com o secretário Estadual de Transportes de São Paulo, Saulo de Castro Abreu, essa economia só será possível se a construção do Trecho Norte do Ferroanel começar até agosto do ano que vem. A ideia é viabilizar a obra aproveitando o traçado e os estudos de impacto de desapropriações da parte do anel rodoviário a ser implantada na mesma região.

"Em janeiro, começam as obras do Rodoanel. Em agosto, elas chegam num ponto em que ainda podem acompanhar as obras do Ferroanel. Se não fizer agora, terá que fazer outro traçado e jogar fora o projeto que ele tem hoje", explicou o secretário.

Pressa

Mas o Estado corre com o projeto não apenas para aproveitar o traçado do Rodoanel. As obras do Ferroanel precisam ser aceleradas para que pelo menos o Trecho Norte esteja concluído em 2015, a partir de quando a demanda e a modernização do sistema de transporte de passageiros na região metropolitana paulistana vão atingir níveis que vão inviabilizar o escoamento de cargas ferroviárias como ocorre atualmente, através da área urbana da Capital.

Hoje, as cargas podem ser transportadas pelos trilhos que atravessam a Grande São Paulo apenas quando não há circulação de passageiros – de madrugada, da 1 às 4 horas, e em alguns curtos períodos da tarde. Mas essas janelas devem ser reduzidas pois a intenção do Governo Estadual é ampliar ainda mais o transporte de passageiros com a compra de novos equipamentos, que serão entregues em 2015. Por dia, 2,8 milhões de pessoas utilizam o transporte ferroviário na região metropolitana.

"A ideia é construir os dois (trechos Norte e Sul) juntos. É que para o Norte, 2015 é o dead line. Ou faz, ou faz. O Sul pode até atrasar um pouco, não tem problema. Ou faz o Norte do Ferroanel junto com o Norte do Rodoanel ou não fará mais", advertiu o secretário de Transportes.

Projeto

O projeto do Ferroanel prevê a construção de 121,8 quilômetros de linhas ferroviárias. No Trecho Norte, que ficará entre Campo Limpo Paulista, na Capital, e a Estação Engenheiro Manoel Feio, em Itaquaquecetuba, 64 quilômetros de linhas serão implantados. Outros 57,8 quilômetros serão construídos para a implantação do Trecho Sul, que irá de Ouro Fino Paulista, em Ribeirão Pires, à Estação Evangelista de Souza, na Zona Sul de São Paulo.

A implantação do anel ferroviário demandará investimentos entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, que virão dos governos Estadual e Federal.

Dados da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) mostram que, de 1997 à 2011, houve um aumento de 87% na movimentação de cargas através de ferrovias. O volume chegou a 475,1 milhões de toneladas movimentadas no ano passado.

Segundo a Secretaria Estadual de Transportes, 250 mil toneladas de cargas armazenadas em contêineres passaram por ferrovias paulistas. No entanto, o mercado é capaz de movimentar mais de 30 milhões de toneladas de produtos conteinerizados. "Só esses números já justificam a obra do Ferroanel", destacou Abreu.

Por Fernanda Balbino

Fonte: A Tribuna

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