sexta-feira, 4 de maio de 2012

Expresso Leste, campeão de desconforto

04/05/2012 - Diário de Mogi das Cruzes
 
A média de lotação dos vagões é de 7,2 passageiros por metro quadrado, sendo que a perspectiva da CPTM é reduzir este número para 4,5 em 2014.

Por Júlia Guimarães

O Expresso Leste é o grande campeão de sobrecarga entre os serviços oferecidos pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), com uma média de 7,3 passageiros por metro quadrado nos vagões. O número é bem maior do que o limite considerado aceitável (6 passageiros/m²) pelos parâmetros internacionais de medição de conforto em transporte público. Os trens espanhóis, que circulam pela Linha 11-Coral e fazem o percurso entre as estações Luz e Guaianazes em tempo integral, realizam atualmente apenas 24 viagens até o Terminal Estudantes, em Mogi das Cruzes. As recentes estatísticas de lotação evidenciam a necessidade de atendimento da antiga reivindicação da Cidade para redução do intervalo entre os trens e ampliação do serviço. Porém, as perspectivas da CPTM são pouco positivas. A previsão é de que a partir de 2014 o aperto permaneça, com uma média de 5,8 usuários por metro quadrado.

As estatísticas sobre a lotação das seis linhas (7-Rubi, 8-Diamante, 9-Esmeralda, 10-Turquesa, 11-Coral e 12-Safira) constam no Relatório da Administração 2011, da CPTM, com data de março de 2012, disponibilizado nos últimos dias no site oficial da Companhia. O documento demonstra que o Expresso Leste tem atualmente uma demanda de 383 mil passageiros por dia, com intervalos de cinco minutos entre os trens, o que dá uma média de 7,3 usuários por metro quadrado. A expectativa é de que o serviço chegue a transportar 557 mil pessoas diariamente a partir de 2014, quando o novo sistema for implantado de forma integral até Suzano. Neste período, o tempo entre a circulação das composições deverá cair para três minutos, sendo que a lotação poderá ser reduzida para 5,8 passageiros por metro quadrado. Essa queda não deverá resultar em conforto, já que ainda ficará quase no limite do aceitável.

Depois do Expresso Leste, a Linha 7-Rubi (que liga as estações Luz e Jundiaí) é a que aparece com maior sobrecarga de usuários. A média de lotação dos vagões é de 7,2 passageiros por metro quadrado, sendo que a perspectiva da CPTM é reduzir este número para 4,5 em 2014. Em terceiro lugar no ranking do desconforto está a Linha 11-Coral, que serve Mogi das Cruzes e corta boa parte do Alto Tietê. As previsões são de drástica redução destes índices depois que o Expresso Leste for implantado até Suzano (leia mais nesta página). A Linha 12-Safira, que também atende à Região passando pelas cidades de Poá e Itaquaquecetuba, tem índices igualmente altos de lotação, com viagens diárias de 218 mil usuários, que representam ocupação de 5,6 pessoas por metro quadrado nas composições.

As linhas 8-Diamante (Julio Prestes/Itapevi) e 10-Turquesa (Luz/Rio Grande da Serra) possuem sobrecarga semelhantes, com médias de 5,2 e 5,1 passageiros por metro quadrado, respectivamente. Já a 9-Esmeralda (Osasco / Grajaú) é a mais confortável atualmente, com o transporte de 4 pessoas/m². As previsões são de que esta seja a linha mais movimentada de toda a rede até 2014, quando 689 mil pessoas deverão utilizá-la diariamente. Mesmo com o alto número de frequentadores, a previsão é de que o índice de conforto fique em 4,6, graças à redução dos intervalos entre as composições, que serão de apenas três minutos. (Confira quadro completo nesta página).

CPTM

Em nota encaminhada a O Diário, a CPTM não deu informações sobre um possível aumento das viagens do Expresso Leste até Mogi. O órgão informou que no momento "os esforços estão voltados para a ampliação do serviço de Guaianazes até Suzano. Para isso, já foram adquiridos nove trens novos (R$ 280 milhões) que serão incorporados à frota da CPTM a partir do 2º semestre de 2012 e estão sendo reconstruídas as estações Ferraz de Vasconcelos e Suzano, com modernização de todos os sistemas de sinalização, rede aérea, via permanente e recapacitação do sistema de energia".

Sobre a sobrecarga das linhas, a Companhia procurou ressaltar que "nos horários de pico há grande concentração de usuários em todos os meios de transporte. No entanto, o Governo do Estado está realizando significativos investimentos na modernização da CPTM. Neste ano, são mais R$ 1 bilhão para obras de infraestrutura (sinalização, telecomunicações, energia, rede aérea e via permanente), aplicados nas seis linhas, além de compra de novos trens".

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Lotação supera o limite aceitável em 3 linhas da CPTM

02/05/2012 - O Estado de São Paulo

Apesar de colocar mais 24 trens em operação, aumentar em 6% a oferta de composições no horário de pico e crescer em 7% o número de viagens diárias na comparação com 2010, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) fechou 2011 com três das sete linhas acima do limite tolerável de conforto (6 passageiros por metro quadrado). Os dados estão no recém-divulgado Relatório da Administração de 2011 da companhia.

As linhas críticas, segundo a própria CPTM, são o Expresso Leste (serviço que funciona em conjunto com a Linha 11), líder de aperto, com 7,3 passageiros por m², seguido pela 7-Rubi, com 7,2/m², e a 11-Coral, com 6,2/m². Mas a Linha 12-Safira chega quase lá: já são 5,6 passageiros/m² (veja no quadro abaixo).

Somadas, essas linhas transportaram uma média de 1,15 milhão de usuários por dia no ano passado. Significa dizer que metade dos 2,3 milhões de usuários diários de toda a rede da CPTM viaja no limite do desconforto. Cada passageiro percorre, em média, uma distância de 20,3 quilômetros nesse aperto, em cerca de 30 minutos, ainda segundo os dados do relatório.

Quem usa os trens não se surpreende com os dados. "É o que você falou: desconforto. A gente fica grudado, isso irrita, deixa estressado", disse o técnico de informática Everton Rodrigues, de 25 anos, usuário da Linha 7-Rubi. "O problema é ficar muito tempo no aperto. Eu embarco em Francisco Morato. Em Franco da Rocha (estação seguinte), já não dá para se mexer. E aí é assim durante uma hora. Uma hora no aperto", conta a balconista Barbara Cavalcante, de 33 anos, usuária da mesma linha.

No ano passado, a CPTM teve aumento de 9% no total de usuários em relação a 2010, quando transportou 2,1 milhões de pessoas por dia. Mas as linhas "desconfortáveis" tiveram aumento de apenas 4% na comparação com o ano anterior.

O índice de 6 passageiros por m² é adotado internacionalmente para avaliar o nível de conforto de um sistema de transporte. "A concentração é, praticamente, em dois horários. Das 5h30 às 7h30 e das 17h às 19h. Esses dois horários representam 50% da movimentação", diz o diretor de Relacionamento da CPTM, Sérgio Carvalho Júnior. Foi a primeira vez que o índice esteve no relatório, portanto, não é possível comparar com outros anos.

Projeções. A perspectiva até 2014, ainda de acordo com o relatório, é de melhora. Se todas as promessas de modernização forem cumpridas, nenhuma linha será tão superlotada. Mas o líder no quesito aperto continuará sendo o Expresso Leste, com 5,8 passageiros por m². E o Expresso ABC, linha prometida para 2014 que vai ligar a Estação Luz a Mauá, paralela à Linha 10-Turquesa, já vai nascer no limite do conforto: 5,9 passageiros por m². A Linha 10, por outro lado, é a que deve melhorar mais esse índice, passando dos atuais 5,1 para 2,9 passageiros por m².

O destaque, entretanto, é a perspectiva de piora da Linha 9-Esmeralda, na Marginal do Pinheiros. Em 2014, ela deve ficar com média de 4,6 passageiros por m², contra os atuais 4. Segundo a CPTM, esse índice deve ficar estabilizado de 2015 em diante, quando a ampliação da Linha 5-Lilás do Metrô entrar em operação. A promessa é que a extensão do ramal, entre a Chácara Klabin e o Largo Treze, atraia parte dos passageiros da Linha 9.

Pior. Para o engenheiro Creso de Franco Peixoto, professor da FEI, o desconforto nas linhas de trem traz mais incômodo para o usuário do que no metrô. "No metrô, a viagem é mais curta, então o passageiro só senta se tem lugar perto. Nos trens de subúrbio, a viagem é mais longa e há uma tendência de as pessoas se moverem mais."